Dra. Alessandra

Vitamina D: afinal, o sol é ou não um vilão para a saúde da pele?

Vitamin D

Certamente você já sabe o quão importante é se proteger dos raios UV e a Vitamina D. A exposição solar é um vilão conhecido, responsável pelo envelhecimento da pele, queimaduras e até mesmo pelo câncer de pele.

No entanto, algumas dúvidas aparecem quando o assunto abordado é a Vitamina D. Afinal, não é preciso se expor ao sol para que seu corpo produza essa importante vitamina?

Uma das principais questões levantadas é em relação ao protetor solar. Mas já adiantamos: o uso de protetor não impede a produção de vitamina D.

A seguir, você encontrará explicações mais sobre isso. Nesse artigo, você vai entender melhor o que é vitamina D, porque ela é tão importante e tirar suas dúvidas sobre a relação entre o protetor solar e a produção de vitamina D no corpo. Vamos lá:

Vitamina D: por que é importante?

A vitamina D é um pró-hormônio que associado ao paratormônio (PTH), atua como importante regulador do metabolismo ósseo. A principal fonte de produção da vitamina D se dá por meio da exposição solar. Pois os raios ultravioletas do tipo B (UVB) são capazes de ativar a síntese dessa substância.

Alguns alimentos, especialmente peixes gordos (salmão, atum, cavala, arenque, sardinha) são fontes dessa vitamina. Porém representam apenas 10%, os outros 90% são obtidos através da síntese cutânea após a exposição solar. Esta exposição deve ser realizada, de acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, por 5 a 10 minutos todos os dias, a fim de sintetizar a vitamina D ou com o uso de suplementos.

A ação clássica da vitamina D é regular o fornecimento de cálcio e fósforo ao organismo. Dessa forma, ela atua nos ossos, no intestino e nos rins. Seu papel mais conhecido entre a população é a proteção óssea.

Sabe-se, entretanto, que ela tem uma função essencial no equilíbrio de vários outros órgãos e células do corpo.

Estudos têm mostrado que a deficiência de vitamina D está associada ao maior risco de várias doenças crônicas.  Como problemas cardiovasculares, tumores e enfermidades imunológicas e infecciosas.

A avaliação do estado nutricional relacionado à vitamina D

A avaliação do estado nutricional relacionado à vitamina D depende da dosagem no sangue da 25 hidroxivitamina D, fração da vitamina após uma passagem pelo fígado. Existe muita discussão na literatura científica sobre quais seriam os valores considerados baixos da substância. Os estudos que permitiram definir esses valores foram realizados com enfoque na saúde óssea – não existem números estabelecidos fora dessa situação.

Parte do problema com as metas está associada às variações individuais. O uso do valor de 20 ng/mL pode ser bastante elevado em alguns contextos, o que redunda em muitos diagnósticos de deficiência de vitamina D – no caso, pessoas saudáveis com déficit da substância.

O alto número de indivíduos nessa situação caracterizaria um problema de saúde pública e, não à toa, especialistas dizem que estamos vivendo uma pandemia de deficiência de vitamina D. E o mesmo ocorre no Brasil, um país ensolarado mas com grande número de pessoas com níveis classificados como inadequados.

A interpretação atual é que todos deveríamos ter concentrações superiores a 20 ng/mL de 25 hidroxivitamina D no sangue para ter uma boa saúde óssea. Esse valor seria adequado para 97,5% da população.

Ao preconizar tal meta, teríamos que suplementar quantidades maiores de vitamina D, podendo chegar, em alguns casos, a um volume superior à tolerabilidade do organismo humano.

Nesse contexto de extrema preocupação com a deficiência de vitamina D, os profissionais de saúde estão solicitando muito mais exames e, em função deles, tratando muito mais pessoas. Como consequência, há um aumento nos custos na área da saúde.

Doenças ou situações ligadas ao déficit de Vitamina D

Para lidar com o problema de solicitar dosagens de vitamina D indiscriminadamente à população, sociedades médicas montaram listas de doenças ou situações que estão ligadas ao maior risco de desenvolver o déficit da substância, ocasionando prejuízos por causa disso. Muito importante ressaltar que a suplementação deve ser sempre com avaliação médica. Entram na lista:

• Pessoas acima dos 60 anos
• Pessoas que sofrem quedas e fraturas recorrentes
• Gestantes e lactantes
• Pessoas com osteoporose e doenças osteometabólicas, tais como raquitismo e osteomalácia
• Portadores de doença renal crônica
• Situações de má absorção de nutrientes, como quem tem doença inflamatória intestinal ou fez cirurgia bariátrica
• Pessoas que fazem uso de medicações que podem interferir com a vitamina D: antirretrovirais, glicocorticoides, anticonvulsivantes…
• Pacientes com câncer
• Presença de sarcopenia (perda de massa e força muscular)
• Diabéticos
• Indivíduos com obesidade
• Pessoas com pele escura, pessoas que não se expõem ao sol de maneira crônica ou possuem contraindicação a essa exposição
• Pacientes com insuficiência cardíaca

O tratamento da deficiência de vitamina D

Com relação ao tratamento da deficiência de vitamina D, verificamos que, para manter a concentração de 20ng/mL, muitas vezes são prescritas altas doses de suplementos. Só que, na tentativa de corrigir a carência, não raro pode se provocar uma situação de toxicidade – sim, vitamina D demais chega a ser tóxica ao organismo.

A ingestão alimentar de vitamina D para adultos e idosos varia de 600 a 800 UI (unidades internacionais) por dia, mas, nessas situações, doses bem maiores são administradas na rotina. Podemos classificar como alta a quantidade de vitamina D acima de 4000 UI e chamamos de megadose quando ela passa de 100 000 UI.

A questão é que, ao prescrever altas doses de modo agudo, parte da vitamina D não processada pelo corpo do paciente pode provocar sintomas. Em relação ao uso crônico, parece que doses iguais ou menores que 10 000 UI por dia não oferecem riscos.

No entanto, cabe ressaltar que os estudos que chegaram a essas conclusões são baseadas na
regulação de cálcio e fósforo no sangue, não realizando avaliações específicas em outros órgãos e sistemas.

Por outro lado, estudos observacionais vêm mostrando que a relação entre a concentração de vitamina D e mortalidade, dizem que a sua deficiência aumenta a mortalidade, mas os valores altos também – e falamos de valores que não são tidos como tóxicos.

A melhor forma de manter bons níveis de vitamina D, como defende a Organização Mundial da Saúde, é garantir a exposição ao sol – e não é preciso ficar muito tempo debaixo dele.

São os raios UV que estimulam a produção da substância na pele. Saiba que o organismo tem mecanismos de controle para a síntese da vitamina e, por isso, aqui não há risco de toxicidade.

É evidente que tempo demais sob o sol (e sem proteção adequada) continua contraindicado. A exposição solar é importante para a saúde, mas, como em tudo na vida, devemos prezar pelo equilíbrio (nem muito nem pouco).

Como conseguimos vitamina D?

A maioria da vitamina D que precisamos – cerca de 90% – é produzida na nossa pele. Isso acontece devido à exposição à radiação ultravioleta. Ou seja, aos raios solares.

Apesar de que uma pequena quantidade de vitamina D possa ser obtida através da alimentação, a exposição ao sol é necessária. E é aí que surgem as dúvidas.

Certamente, você já ouviu muitos médicos explicarem o quão nocivos para a saúde os raios UV podem ser. Principalmente, que a exposição solar está diretamente relacionada com o desenvolvimento do câncer de pele – atualmente o tipo mais comum e perigoso da doença.

Além, é claro, de causar o aparecimento de manchas, queimaduras e envelhecimento precoce da pele.

Mas, então, o que pode ser feito? Bem, a chave está em algo muito simples: o protetor solar.

A exposição solar é, sim, necessária para a produção de vitamina D. No entanto, é muito importante tomar o cuidado de sempre usar protetor solar e evitar os horários mais perigosos – geralmente, das 10h às 15h.

É importante verificar o índice de UV através dos dados da meteorologia , ou sites de tempo ou aplicativos de celular que fornecem o índice para o dia em qualquer época do ano.

Nos alimentos, as principais fontes de vitamina D estão em óleos de fígado de peixes, cogumelos secos e alimentos derivados do leite, como manteiga e queijos gordurosos. Ovos e fígado bovino também têm a vitamina, mas em menor quantidade.

O uso de protetor solar interfere na produção de Vitamina D?

A resposta curta é: não. Usar protetor solar não irá fazer com que seu corpo produza menos, ou deixe de produzir, vitamina D. Vamos entender melhor porque:

A quantidade de radiação UV necessária para a produção desse hormônio no corpo é muito pequena. E, mesmo utilizando o FPS recomendado para seu tipo de pele e aplicando o produto com perfeição, o protetor solar não é capaz de bloquear todos os raios UV.

Na maioria dos casos, ainda, a aplicação do protetor não é feita com todo cuidado necessário. Isso é, retoques periódicos, re-aplicação no caso de exposição à água e camadas generosas e uniformes do produto.

Assim, mesmo seguindo todas as recomendações de proteção do seu médico, você ainda será exposto à radiação UV mais que suficiente para manter a produção de vitamina D em dia.

O ideal é sempre usar protetor solar e dar preferência aos horários mais seguros. Assim, você se mantém protegido e não deixa de obter tudo que precisa para manter seu corpo saudável.

A exposição com protetor solar e nos horários seguros é mais que o suficiente.

Agora você já sabe: o uso de protetor solar não reduz a produção de vitamina D! Ele é, sim, importantíssimo para proteger sua pele de danos, como queimaduras e envelhecimento precoce. Além disso, é um dos seus maiores aliados na prevenção contra o câncer de pele.

Por isso, não deixe de usar protetor solar – e não esqueça de usar um protetor labial também! Não precisa se preocupar: esse cuidado só trará benefícios e não vai fazer com que seu corpo deixe de produzir vitamina D.

É interessante ressaltar: algumas pessoas possuem maior risco de apresentar deficiência de vitamina D. É o caso de idosos, quem tem a pele mais escura, pacientes com obesidade, e pessoas que ingerem muito álcool.

Assim, é fundamental realizar o acompanhamento médico periódico, nesses casos. Aproveitar o verão é maravilhoso, mas lembre-se de tomar todos os cuidados necessários para garantir a saúde da sua pele enquanto isso!

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