Certamente você já sabe sobre o HIV, ou vírus da imunodeficiência humana. Embora o vírus que causa a AIDS ou SIDA (Síndrome de Imunodeficiência Humana) seja um dos pontos de maior atenção em campanhas de promoção da saúde, ainda existem muitos mitos e dúvidas circulando.
A informação é a chave para prevenir e conviver com esse problema. Por isso, é muito importante aprender mais sobre o que é a Aids e quais são as doenças relacionadas com o problema – chamadas de comorbidades.
Como o vírus HIV faz com que o sistema imunológico humano se torne menos eficaz, existem muitas doenças que podem aparecer em associação com ela. Hoje, vamos falar um pouco mais sobre as principais doenças dermatológicas nesse quadro.
Por que é tão importante falar das doenças de pele associadas ao HIV?
Lesões e infecções na pele não são apenas perigosas: elas podem incomodar muito o paciente. Seja com dores, queimação e coceira até o aspecto estético: é preciso tratar as doenças dermatológicas para que elas não se tornem mais graves.
Em especial quando o quadro inclui uma doença que causa imunossupressão, como a SIDA. Dizemos isso pois a maioria dessas enfermidades podem, também, afetar a população geral – não portadora do vírus.
Com o declínio das funções imunes causadas pelo HIV, no entanto, é comum que as lesões se tornem mais frequentes, mais resistentes à terapia habitual e mais graves.
Infecções dermatológicas
O próprio vírus HIV pode fazer com que o paciente infectado apresente alguns sintomas. alguns exemplos são febre, faringite, fadiga e sudorese noturna. Em mais de 90% dos casos, também ocorre um quadro de infecção na pele, como úlceras e erupções avermelhadas.
A seguir, veja alguns quadros dermatológicos que podem acontecer em conjunto com a infecção pelo HIV:
Herpes simples tipo 1 e 2
Infecções pelo herpes simples (HSV 1 e 2) são bastante frequentes em pacientes infectados pelo HIV. O quadro se caracteriza pelo aparecimento de pequenas bolhas agrupadas, em especial nos lábios e nos genitais.
Varicela-zóster
Também conhecido como o vírus da catapora, vírus da varicela, vírus zoster e herpes vírus humano tipo 3 (HHV-3). Mais de 15% dos pacientes que desenvolvem SIDA apresentam histórico de herpes-zóster.
Leucoplasia pilosa oral (vírus Epstein-Barr)
A leucoplasia pilosa oral é bastante comum em pacientes infectados pelo HIV, consistindo em uma lesão de aspecto esbranquiçado que aparece mais comumente nas laterais da língua.
Papilomavírus humano (HPV)
As infecções por HPV são extremamente prevalentes em pacientes portadores do HIV, em especial entre mulheres. Nessa população, podem ocorrer diversos tipos de HPV na mesma lesão.
Molusco contagioso
As lesões, que podem variar bastante tanto em número quanto em tamanho, são muito comuns na face e região anogenital.
Citomegalovírus (CMV)
A infecção por CMV é muito freqüente entre os portadores do HIV. O vírus faz parte da família do herpesvírus. Suas manifestações clínicas variam de acordo com o paciente: podem incluir apenas mal-estar e febre baixa ou chegar a causar doenças graves, que comprometem o aparelho digestivo, sistema nervoso central e retina.
Fungos associados ao contágio por HIV
A seguir, você conhecerá alguns fungos frequentemente associados ao contágio por HIV:
Candidíase
Essa é uma das infecções mais frequentes em pacientes com HIV. Frequentemente, ela está entre os primeiros sintomas que indicam a deterioração do sistema imunológico.
Infecções por dermatófitos
Devido a imunodeficiência em pacientes infectados pelo HIV, podem ocorrer quadros atípicos, como lesões cutâneas disseminadas, lesões palmoplantares e hiperqueratose. Nas unhas é comum a onicomicose branca subungueal proximal.
Micoses profundas
Existem diferentes tipos de micoses profundas. Embora elas possam afetar qualquer paciente, elas aparecem com mais frequência associadas a quadros de infecção pelo HIV.
- Histoplasmose Tratam-se de lesões extremamente variadas, podendo apresentar-se como: máculas, pápulas, nódulos, pústulas e lesões nódulo-tumorais, entre outras.
- Criptococose Manifesta-se geralmente no paciente portador do HIV como infecção do sistema nervoso central. As lesões da pele ocorrem de 10 a 15% das vezes em casos disseminados.
- Esporotricose As lesões podem ser úlceras, pápulas, nódulos, placas ou pústulas. Essa infecção comumente é disseminada, podendo causar comprometimento sistêmico, às vezes fatal.
- Paracoccidioidomicose Cerca de metade dos pacientes acometidos apresentam lesões de pele, que decorrem de disseminação hematogênica. As úlceras múltiplas são as lesões mais frequentes.
Bactérias relacionadas ao contágio por HIV
A seguir, revisaremos as infecções causadas por bactérias que são comumente associadas aos contágio por HIV:
Sífilis
A maior parte dos pacientes contaminados pelo HIV apresentam manifestações típicas da sífilis. No entanto, existem alguns estudos que apontam alterações do espectro clínico e na velocidade de progressão da doença.
Angiomatose bacilar
Clinicamente manifesta-se por lesões cutâneas e extra cutâneas. As lesões da pele mais observadas são pápulas hemisféricas, de coloração que varia de vermelha a violácea, semelhantes a hemangioma granuloma piogênico.
A angiomatose bacilar é principalmente transmitida por gatos domésticos.
Tumores associados ao contágio por HIV
Também é importante falar sobre os tipos de tumores na pele que frequentemente estão associados com o HIV:
Sarcoma de Kaposi
O quadro clínico é variável, mas normalmente observam-se máculas eritematosas, arroxeadas ou acastanhadas. Geralmente assintomáticas, evoluem para pápulas, placas, nódulos ou lesões tumorais.
À medida que as lesões crescem, podem unir-se, formando grandes placas e envolvendo vasos sanguíneo, levando a linfedema no membro acometido.
Neoplasias cutâneas primárias
Ocorre frequentemente em áreas não expostas, sem dano actínico ao exame histopatológico. É raro ocorrerem metástases, provavelmente devido ao próprio imunocomprometimento dos pacientes infectados pelo HIV.
Malignidades linforreticulares
A maioria dos casos de linfoma em pacientes infectados pelo HIV envolve localizações viscerais. No entanto, qualquer área pode ser afetada, incluindo cabeça e pescoço, tronco ou extremidades.
O linfoma cutâneo relacionado ao HIV pode ter aparência semelhante à da micose fungóide e manifesta-se como placas disseminadas, que podem evoluir para eritrodermia (quadro generalizado caracterizado pela intensa vermelhidão da pele).
Dermatoses Eritêmato-descamativas
As dermatoses Eritêmato-descamativas são doenças da pele que apresentam sintomas como avermelhamento e descamação. Veja os tipos mais comuns associados à infecção pelo HIV:
Dermatite seborréica
É a condição da pele mais comum em pacientes com infecção pelo HIV, acometendo mais de 85% de todos os pacientes. Manifesta-se como placas descamativas, na face e couro cabeludo.
Devido à necessidade do uso de medicamentos anti-retrovirais, o controle nesses pacientes é mais difícil com o tratamento habitual.
Dermatite atópica
Os pacientes infectados pelo HIV com dermatite atópica podem manifestar formas mais graves da doença.
Farmacodermias
Vale também ressaltar que reações de hipersensibilidade medicamentosa ocorrem mais frequentemente em pacientes infectados pelo HIV. A manifestação mais comum deste tipo de reação são erupçòes cutâneas.
Conclusão
O vírus da HIV age reduzindo a eficácia do sistema imunológico do portador. Por isso, existe alta comorbidade com outros tipos de infecções virais, bacterianas, por fungos, eritêmato-descamativas e até mesmo relacionadas ao uso de determinados medicamentos.
Conhecer essas doenças é muito importante. Também é fundamental ter em mente que todas elas – assim como o HIV – são tratáveis. Com o acompanhamento médico adequado, é possível garantir a qualidade de vida para o paciente infectado.
Não deixe de tomar todos os cuidados para prevenir o contágio e fazer exames preventivos regularmente.